sábado, 27 de dezembro de 2014

Esculpindo Tradições em Cachoeira




Projeto Esculpindo Tradições promove oficinas de técnica de escultura em madeira





Dando prosseguimento ao  cronograma de atividades do Projeto Esculpindo Tradições, tendo à frente o  escultor cachoeirano Carlos Alberto Dias do Nascimento, mais conhecido como Fory, selecionado nos editais do CCPI (Centro de Culturas Populares e Identitárias), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, realizou mais uma etapa de oficinas de técnicas de escultura em madeira.
Segundo Fory, "para a perpetuação de um saber-fazer tradicional, com a formação de novos aprendizes, o projeto Esculpindo Tradições teve como proposta a realização de oficinas práticas (100h), nas quais os participantes aprenderão as técnicas para a manipulação de ferramentas e criação artística de esculturas em madeira, bem como ações de cunho reflexivo e teórico-prático, como palestras e capacitação temática para a gestão de empreendimentos culturais e coletivos (30h)".
Foram realizadas duas palestras de 1h20min  sobre a cultura e suas tradições como capital simbólico de potencial para a promoção do desenvolvimento local (“Cultura, Tradições e Desenvolvimento Local”) e sobre o artesanato, especialmente de madeira, e desenvolvimento sustentável visto a utilização de recursos naturais na produção das peças (“O Artesanato em Madeira e Desenvolvimento Sustentável”).
A capacitação temática em gestão se integra no objetivo da articulação da rede de trabalho coletivo e cooperação cultural e será direcionada para este fim. Com ementa que integra gestão de negócios criativos, empreendedorismo cultural, redes de desenvolvimento, comunicação e imagem mercadológica, economia criativa e solidária, esta capacitação terá carga horária de 30h realizadas sob metodologia teórico-prática, contextualizada e com fins a provocar a articulação grupal, ressignificar (ou sensibilizar) posturas, rompendo com a lógica individualista estabelecida, estimulando novas formas de trabalho e cooperação.
As atividades foram desenvolvidas em regime intensivo, sendo que iniciado o processo este se perenizará, tendo multiplicadores e o próprio artista/oficineiro disponível à continuidade com o grupo. O público alvo foram jovens e adultos (com idade a partir de 16 anos) de Cachoeira e cidades vizinhas. Foram oferecidas 20 vagas gratuitas. Este primeiro grupo também se comprometerá em ser multiplicador para outros interessados ou para oficinas de formação que possam ocorrer futuramente.

sábado, 30 de novembro de 2013

Dados biográficos de Fory



Formação
Iniciado na escultura no ateliê do escultor Boaventura da Silva Filho (Louco).
Período de atividade
Desde meados dos anos 1970.
Principais especialidades:
Escultura em madeira.
Outras atividades
Guia de turismo.

Dados biográficos:
Carlos Alberto Dias do Nascimento nasceu em 1959, na cidade de Cachoeira (Recôncavo da Bahia). Seu pai lutou na II Guerra Mundial e desejava que nenhum de seus filhos seguisse carreira militar (NASCIMENTO, 2008). Carlos Alberto foi o único a enveredar pelo caminho da arte, em sua própria cidade que é muito rica em tradições culturais e religiosas. Recebeu o apelido de Fory – diminutivo do nome do lutador Forforifa.
Ainda menino, frequentava uma “tenda” de carpintaria perto de casa, fazendo miniaturas de móveis junto com outros garotos. Aos 15 anos, pediu a seu pai para falar com o amigo “Ventura” (Boaventura da Silva Filho, Louco), para ser seu ajudante na barbearia, onde Boaventura e seu irmão (Clóvis Cardoso da Silva) esculpiam nas horas vagas. Aí Fory ficava observando, lixava algumas peças, além de varrer o local (NASCIMENTO, 2011).
Os primeiros trabalhos de Fory foram relevos em placas. Pouco a pouco, foi explorando a tridimensionalidade em suas esculturas. Seguindo o exemplo de Louco, buscava, nas formas e nos veios da madeira, o ponto de partida para entalhar. Um exemplo muito interessante está na Fundação Hansen Bahia, na Casa Santa Bárbara (São Félix – BA). Trata-se de uma imagem de Cristo, com cabeça de adulto e corpo de criança, esculpido de modo tão harmônico que chama a atenção. Nela observa-se que o escultor assinava “Fory C.A.N.”, do mesmo modo que seu mestre Boaventura, que assinava “Louco B.S.F.” (nome artístico seguido das iniciais do nome).
Não se pode deixar de mencionar que Fory era amigo e admirador do escultor Valdemir Cardoso do Nascimento, Bolão (sobrinho de Louco), cujo ateliê (na Rua 13 de Maio), em meados dos anos 1970, era frequentado por jovens para ouvir música, discutir ideais políticas e falar de escultura e de estética (PEREIRA, 2012). Nessa época, Cachoeira começava a ter exposições e festivais de arte; os gravadores Ilse e Hansen Bahia transferiram-se para a região, a Galeria Amanda Costa Pinto foi aberta, assim como diversos órgãos públicos passaram a atuar na cidade a fim de dinamizar a cultura e o turismo locais.
O trabalho de Nascimento emergiu nos anos 1980, quando a discussão da condição do negro na sociedade brasileira era reavivada no Brasil por movimentos negros, o que teve reflexo sobre o olhar dos artistas. Em Cachoeira, ele tomou parte em exposições de arte que tinham, ao lado da intenção estética, a intenção política de afirmação da “cultura negra”, tornando-se um de seus protagonistas. Em Salvador, aconteceram mostras de arte em museus do Estado e da Universidade Federal da Bahia, voltadas à cultura e arte negras, as quais tiveram a participação de escultores cachoeiranos, a exemplo de Fory.
Em 1986, participou da III Conferência Mundial dos Orixás, Tradição e Cultura, em Nova Iorque, que reuniu representantes do mundo “Atlântico Negro” – Caribe, Brasil, África e EUA – lugares das “diásporas negras” e lhe proporcionou a troca de experiência com artistas de outros países. Essa exposição de arte, que integrou o grande evento, aconteceu no Aaron Davis Hall (universidade no Halley). Na mesma ocasião, Fory proferiu uma conferência sobre os orixás, no Caribe Cultural Centre (NASCIMENTO, 2008).
Tem composições significativas nas quais acopla objetos à madeira esculpida. São pregos, búzios da Costa, o que se vê na escultura intitulada Rastafari (1983). Pregos, correntes, formões, chaves de fenda e outras ferramentas compõem a cabeça chamada Ferreiro Celestial, fazendo uma alusão aos ancestrais ferreiros, provavelmente os africanos Ogum (Iorubá) e Gun (Fon) que se manifestam nos terreiros da região. Visualmente essas imagens lembram fetiches africanos.
A escultura Rastafari (1983) foi realizada em homenagem ao músico jamaicano Bob Marley (falecido em 1981), cuja música influenciou um grupo de jovens da cidade de São Félix e de Cachoeira, que cantaram sobre a história do negro vivida no Brasil, semelhante com a de outros lugares do Atlântico.
Em 1985, a Loteria Federal circulou um bilhete da Loteria Federal com imagem dessa escultura (Rastafari), sem citar  o autor e pedir concessão de direito autoral, o qual tinha sido concedido apenas para a publicação de um livro da Funarte (A ESCULTURA, 1985, p. 8). A contestação judicial pela violação de seus direitos possivelmente contribuiu para uma mudança de atitude, por parte de órgãos públicos, em relação à apropriação de imagens produzidas por autores autodidatas.
Fory exibiu a obra Rastafari em uma exposição realizada na Sede do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Cachoeira), no dia 13 de maio de 1987, que fez parte de um conjunto de atividades voltadas para conscientizar a comunidade da problemática do negro em uma sociedade estratificada. Foi promovida por participantes do movimento de pró-criação da Associação de Artistas e Animadores Culturais de Cachoeira (AAACC) e do Centro de Estudos, Pesquisas e Ação Sócio-Cultural. (13 DE MAIO, 12 mai. 1987, p. 5).
Fory frequenta o Yiê Oyó Mecê Alaketu Axé Ogum na cidade de Governador Mangabeira, terreiro fundado pelo babalorixá Leopoldo Silvério da Rocha em 1963 (NASCIMENTO, 2008).
Motivado pela temática religiosa, em 1988 realizou a mostra individual intitulada Omo-Ebora. Em iorubá, “omo” quer dizer criança, filho (NAPOLEÃO, p. 77 e 174) e os “ebora” são, segundo Juana Elbein dos Santos (1976, p.79), as entidades que detêm o poder feminino. Nessa mostra expôs também muitas variações de Exu, com a intenção desmistificar interpretações negativas do orixá, que é tido como pelos conhecedores da religião afro, como o responsável pela dinâmica que existe em tudo. (ESCRITOR, 12 ago 1988, p. 8). Exu “é o orixá princípio do movimento, da ação e, portanto, nada existiria sem ele. Todos os poderes e as qualidades dos orixá só se realizam pela atuação de Exu” (LUZ, 2011, p. 131), que imprime a sua força aos demais orixás.
Fory estiliza a figura humana, o que aparece em representações de irmãs da Boa Morte, tocadores de atabaque e figuras femininas que chamam a atenção pelo erotismo, além de outras que simbolizam a fecundidade de mulheres e deusas, várias delas grávidas, muito elegantes, que resultaram de um processo de criação gradativo, que deve ser compreendido observando-se o conjunto da produção do escultor de Cachoeira. Nesse processo, o conhecimento das ilustrações de Carybé deve ter sido uma referência importante.
Seu público abrange turistas, entre eles estudiosos, além de adeptos às religiões de matriz africana que encomendam peças para terreiros. Participou de feiras e exposições em várias cidades brasileiras. Tem esculturas no exterior em países da América do Norte e da Europa, que são compradas geralmente em Cachoeira e em Morro de São Paulo, onde mantém trabalhos permanentemente em galerias de arte e artesanato, mas também já fez remessas de esculturas para o exterior (NASCIMENTO, 2008).
Despertou o interesse de decoradores nos anos 1980, com divulgação de esculturas suas pela revista de circulação nacional Casa Cláudia (NASCIMENTO, 2008). Participou com obra na Casa Cor 2003, integrando decoração de Edvaldo Ávila, em homenagem ao gravador Hansen Bahia.
Atualmente, seu ambiente de trabalho é na zona rural de Cachoeira, a fim de ter mais tranquilidade. Contudo, tradicionalmente, manteve ateliê no centro da cidade, perto da Irmandade da Boa Morte.
Mostras individuais:
1984  –  Cachoeira, BA – Individual, Exposição de Fory, na Galeria da Sphan/Pró-Memória.
1986  –  Cachoeira, BA – Individual, Exposição de Fory. Sobrado na Rua Ana Néry, n. 23.
1988  –  Cachoeira, BA – Individual, “Omo-Ebora” no Ateliê de Fory Nascimento.
1988?  –  Morro de São Paulo, BA – Individual, no Hotel Villegaignon.
2010  –  Morro de São Paulo, BA – Individual, na Galeria do Hotel Portaló.
Participações em Salões, Bienais e coletivas:
1978  –  Salvador, BA. Mostra de Arte Popular na Aliança Francesa da Bahia – 1 – Cachoeira – Bahia, na Aliança Francesa.
1984  –  Cachoeira, BA. Exposição Coletiva, no SPHAN.
1984  –  Salvador, BA – Pré-Bienal de Cultura Afro, no Museu Afro-Brasileiro (UFBA).
1984 /1985  –  Salvador, BA – Bienal de Cultura Afro, no Museu Afro-Brasileiro (UFBA).
1986  –  Salvador, BA – Cachoeira e seus Artistas, no Solar do Ferrão.
1986  –  Nova Iorque, EUA – Exposição na III Conferência Mundial dos Orixás, Tradição e Cultura, no Aaron Davis Hall.
1987  –  Cachoeira, BA – Exposição em Homenagem a Tamba e Bolão, no SPHAN.
1987  –  Salvador, BA – I Bienal de Arte Negra, no Museu de Arte da Bahia (promovido pelo Núcleo Cultura Afro-Brasileiro.
1991  –  Cachoeira, BA – Exposição Coletiva, na I Semana de Arte e Cultura, na Galeria do IPAC (Organização: AAACC e Casa do Benin).
1991  –  São Félix, BA – I Bienal do Recôncavo, na Fundação Dannemann.
1992  –  Cachoeira, BA – II Bienal de Cultura e Arte Negra, realizada em Salvador, com extensão em Cachoeira.            (Organização: Núcleo Cultural Afro-Brasileiro, AAACC e IPAC), na Galeria do IPAC.
1995  –  Cachoeira, BA – Exposição Coletiva de Artes Plásticas, promovida pela AAACC, na Sede do IPHAN.
2000  –  Salvador, BA – Exposição Coletiva de Artistas Regionais, na Galeria SEBRAE.
2002  –  Cachoeira, BA – Cachoeira na Ótica dos Artistas Plásticos Cachoeiranos, na Câmara Municipal.
2005  –  Cachoeira, BA – Exposição Coletiva, na Galeria do IPAC.
2006/2007  –  São Félix, BA – VIII Bienal do Recôncavo, na Fundação Dannemann.
2009  –  Salvador, BA – “Cidade Histórica, uma Cachoeira de emoções”, no Instituto Mauá, no Pelourinho.
2012  –  Cachoeira, BA – Exposição Coletiva Escultores de Cachoeira, no Espaço Cultural Fundação Hansen Bahia.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O ATELIÊ ESTARÁ ABERTO DURANTE A FESTA DA BOA MORTE


AGUARDO A SUA ILUSTRE VISITA. VAMOS FUNCIONAR COMO GALERIA E RESTAURANTE.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Jorge Salerón


O artista chileno Jorge Salerón, o responsável pela beleza vibrante da antiga escadaria do Convento de Santa Tereza, no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jakson Costa no ateliê de Fory


O ator e apresentador Jakson Costa, do Programa Aprovado, veiculado pela Rede Bahia, esteve no ateliê de Fory durante a realização da Festa Literária Internacional de Cachoeira, onde gravou uma participação do escultor para o semanal. A entrevista foi ao ar no último sábado. Em Cachoeira, o apresentador aproveitou para degustar junto com a produção do Aprovado, a já famosa galinha caipira servida no ateliê de arte e culinária de Fory.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O Ateliê

Localizado na Rua 13 de Maio, Centro Histórico de Cachoeira, na parte térrea de um sobrado do século XVIII, totalmente restaurado, o ateliê do escultor Fory é um espaço que, harmoniosamente, une o velho e o novo, com muito charme. Assim, num ambiente onde foram preservados detalhes das características originais do prédio e intervenções da moderna arquitetura, o escultor expõe suas obras e de outros artistas. Na mesma galeria de arte, funciona um aconchegante bar café e restaurante, onde são servidos drinques e refeições. A concepção do ateliê permite democraticamente a convivência da arte e a culinária.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Curador do Museu Afro Brasileiro visita ateliê


O artista plástico e curador do Museu Afro Brasileiro em SãoPaulo, Emanoel Araújo, visitou recentemente o ateliê do escultor Fory. Ex-curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Emanoel Araújo é um antigo admirador das obras do escultor cachoeirano.